terça-feira, 3 de março de 2015

Sobre Interdisciplinaridade

Parte de minha primeira resenha acadêmica do ano, um pouco do contexto das pesquisas da Ivani Fazenda sobre a História, teoria e pesquisa sobre a interdisciplinaridade.


A autora que faz sua pesquisa desde os anos 70 e em 90 precisou fazer uma pausa para reflexão, uma espécie de degustação necessária do que havia alcançado em suas produções e de outros teóricos para um mergulho sobre o tema. Em um primeiro momento olha com lente de aumento para o entrave que existe entre ciência / existência na ação interdisciplinar. Para busca de soluções caminha ao encontro de a história do conhecimento, olhando o que disseram grande pensadores como Sócrates buscando uma interiorização para buscar verdades que passam pelo processo do erro. Chega-se a uma conclusão didática do processo de descoberta da interdisciplinaridade: em 1970 buscou-se definir um conceito de interdisciplinaridade e um modelo de como trabalhar desta maneira; 1980 tentou se criar uma metodologia quase que única de se agir interdisciplinar, como uma característica única; em 1990 partiu-se para a construção de uma teoria de ações interdisciplinar que é resultado de uma evolução do pensamento.
Em 1970 quando a autora começou a pesquisar havia um desejo e necessidade de conceito, pois tinha que ser explicado e diferenciado de palavras que exigiam uma ação diferente como: multidisciplinaridade e transdisciplinaridade. Inicialmente o movimento vem da Europa na década de 60, fruto de revoltas como a segunda guerra mundial, o bum econômico e das dificuldades enfrentadas a na sequencia desses acontecimentos com contestação aos governos e do proposito da sociedade por lá, uma década que ficou conhecida como a “contracultura”. Assim houve uma contestação do sistema educacional atuante; dizendo que ele forma pessoas sem senso critico, voltada para o utilitarismo sem pensar na construção de uma sociedade melhor com pessoas melhores. Assim a autora destaca esse momento como um grande marco para os nascimentos de novas formas de se pensar e fazer educação, uma janela para possibilidades de pesquisar o diferente do padrão questionado.

Quando o pensamento interdisciplinar chega ao Brasil, estamos envolto a uma serie de problemas sociais, um momento negro do pensar, pois estamos no período da ditadura militar sem uma sociedade consolidada, diferente do que se vive na Europa que já havia conquistado o valor da democracia. No Brasil é destacada a obra de Hilton Japiassu que publicou o livro: “interdisciplinaridade e patologia do saber”, que apresenta duas partes; na primeira pontos que envolve a interdisciplinaridade, na segunda as ações para se trabalhar de forma interdisciplinar. Passado o modismo de usar a interdisciplinaridade como semente de algo novo, sem mesmo entender como agir concretamente, tentou-se criar uma linguagem única para o conhecimento de forma “conteudista”.

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FAZENDA, Ivani. In Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 18.ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.

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