Parte de minha primeira resenha acadêmica do ano, um pouco do contexto das pesquisas da Ivani Fazenda sobre a História, teoria e pesquisa sobre a interdisciplinaridade.
A autora que faz sua
pesquisa desde os anos 70 e em 90 precisou fazer uma pausa para reflexão, uma
espécie de degustação necessária do que havia alcançado em suas produções e de
outros teóricos para um mergulho sobre o tema. Em um primeiro momento olha com
lente de aumento para o entrave que existe entre ciência / existência na ação
interdisciplinar. Para busca de soluções caminha ao encontro de a história do
conhecimento, olhando o que disseram grande pensadores como Sócrates buscando
uma interiorização para buscar verdades que passam pelo processo do erro.
Chega-se a uma conclusão didática do processo de descoberta da
interdisciplinaridade: em 1970 buscou-se definir um conceito de
interdisciplinaridade e um modelo de como trabalhar desta maneira; 1980 tentou se
criar uma metodologia quase que única de se agir interdisciplinar, como uma
característica única; em 1990 partiu-se para a construção de uma teoria de
ações interdisciplinar que é resultado de uma evolução do pensamento.
Em 1970 quando a autora
começou a pesquisar havia um desejo e necessidade de conceito, pois tinha que
ser explicado e diferenciado de palavras que exigiam uma ação diferente como:
multidisciplinaridade e transdisciplinaridade. Inicialmente o movimento vem da
Europa na década de 60, fruto de revoltas como a segunda guerra mundial, o bum
econômico e das dificuldades enfrentadas a na sequencia desses acontecimentos
com contestação aos governos e do proposito da sociedade por lá, uma década que
ficou conhecida como a “contracultura”. Assim houve uma contestação do sistema
educacional atuante; dizendo que ele forma pessoas sem senso critico, voltada
para o utilitarismo sem pensar na construção de uma sociedade melhor com
pessoas melhores. Assim a autora destaca esse momento como um grande marco para
os nascimentos de novas formas de se pensar e fazer educação, uma janela para
possibilidades de pesquisar o diferente do padrão questionado.
Quando o pensamento
interdisciplinar chega ao Brasil, estamos envolto a uma serie de problemas
sociais, um momento negro do pensar, pois estamos no período da ditadura
militar sem uma sociedade consolidada, diferente do que se vive na Europa que
já havia conquistado o valor da democracia. No Brasil é destacada a obra de
Hilton Japiassu que publicou o livro: “interdisciplinaridade e patologia do
saber”, que apresenta duas partes; na primeira pontos que envolve a
interdisciplinaridade, na segunda as ações para se trabalhar de forma
interdisciplinar. Passado o modismo de usar a interdisciplinaridade como
semente de algo novo, sem mesmo entender como agir concretamente, tentou-se
criar uma linguagem única para o conhecimento de forma “conteudista”.
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FAZENDA, Ivani. In Interdisciplinaridade: história, teoria
e pesquisa. 18.ed. Campinas, SP: Papirus, 2012.
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