terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Ser pouco. Qualquer negocio

Analise da história tão triste quanto à do protagonista de “porque homem não chora”, de uma menina que ainda quer continuar a ser “qualquer negocio”.

Tem muita gente triste por ai, vivendo “morta” em um mundo aonde os vivos se dão melhor. A conheci após ouvir o áudio de uma amiga enviado via whatsApp, procurei saber mais e virei fã das outras histórias de sua criadora.
Vi seu rosto no rosto de quem a interpretava, linda mais escondida na tristeza que queria colocar na frente, triste, pois queria ser pouco, pois queria ser coadjuvante de uma história que talvez um dia tenha sido história de amor. Aproveito para dizer que pessoas lindas com tristezas longas por histórias que um dia talvez tenham sido de amor, acabam por se tornar pessoas feias que se sujeitam a ser “qualquer negocio”.
Sua história não deveria ser repetida por muita gente (mas é), deveria ser um manual do que não se deseja ser, pois ela quer está aonde parece não ser bem vinda, quer ser quem faz o laço da gravata da pessoa que serve o jantar, o suporte que segura à televisão ou pinguim da geladeira prometendo até ficar uma semana inteira sem mexer. Humilhantemente ela perdeu querendo continuar o jogo, estando de qualquer maneira na história dele sendo o que já é para não ter o trabalho de se resignificar, de ter que acontecer diferente.
Estou falando da menina presente na letra da música “qualquer negocio” da Clarisse Falcão, que chega a ser na opinião desse que escreve mais triste que a historia do rapaz da música “porque homem não chora” interpretada pelo cantor Pablo. A moça da primeira história (música) quer continuar mesmo sabendo que não tem mais o que fazer, aceita ser a empregada da empregada, da empregada, da empregada do tio dele. Na segunda o rapaz apesar de triste já está decidido, com as malas prontas para sair mesmo que culpando a moça pelo fim, e para um recomeço um passo importante deve ser sair e ele já está indo embora.

A letra da Clarisse com final triste foi criada em um contexto em que as mulheres buscam uma maior independência e se desvinculam de histórias que um dia já foram de amor com maior facilidade, pois já não precisam depender do homem que um dia escolheram para o resto da vida como uma prisão perpetua em uma cadeia que deveria se chamar lar. Mas apesar dessa independência feminina e a história ser de uma protagonista do “sexo frágil” (só que não) ainda está acontecendo por ai não apenas com mulheres, pois descansar na história sem querer construir novos risos faz mal e engorda, por isso tanta gente engordando por ai.

FALCÂO, Clarice. Qualquer Negocio, Rio de Janeiro,
Casa Byington.
2013, 1 CD Monomania.

Um comentário:

  1. adorei o texto, ainda mais falando da linda Clarice, que interpreta " qualquer negócio" considerado por mim a música mais dolorosa dos últimos tempos, nessa monomia, os devaneios nos fazem querer o laço da gravata, pelo resquício de felicidade que talvez nem conheçamos, mas a " muier muderna" por ter que ser mais mais...acaba pedindo socorro, e aí que na linha tênue entre amar e amarras , muitas vezes a tristeza fala....e o fingir ser o que não é, permite tão humilhante comportamento....

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